Vinícolas gaúchas apresentam vinhos “tokenizados”
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Rótulos podem ser rastreados a partir de uma plataforma de blockchain
A 33ª Mercopar foi palco de uma iniciativa pioneira no setor vinícola brasileiro. Nesta quinta-feira (17), terceiro dia da feira, as empresas Dom Cândido e Pizzato apresentaram os primeiros vinhos com Denominação de Origem do Vale do Vinhedos que podem ser rastreados a partir de uma plataforma de blockchain. No evento chamado “Vinhos e Blockchain, um motivo para brindar” e realizado no palco 1 do Pavilhão Verde, a especialista em Projetos de Inovação do Sebrae RS, Dafne Agarrallua, contou que tudo começou com a intenção da área de inovação de levar tecnologia para o agronegócio.
“Fizemos estudos, avaliamos cases e entendemos que queríamos trabalhar com blockchain, atuar com rastreabilidade em algo que fizesse sentido para o agro, mas ainda não sabíamos em qual cadeia”, relatou.
A continuidade da história foi contada por André Bordignon, coordenador de projetos de Agronegócios do Sebrae RS. “Vimos que havia uma necessidade de rastreabilidade nos produtos alimentares e precisávamos de um setor que estivesse maduro, tivesse dados, além de termos uma demanda de indicação geográfica, que é uma proteção do território”, explicou.
A partir daí, o Sebrae procurou a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), pioneira no Brasil em Indicação Geográfica (IG) e Denominação de Origem, (DO). O consultor da entidade, Jaime Milan, explicou que a DO é uma classificação que se aplica a vinhos que atendam os itens do Caderno de Especificações Técnicas e precisa ser renovada a cada safra.
Os vinhos “tokenizados” apresentados foram recomendados para a DO. O representante da Vinícola Dom Cândido, Vicenzo Fávero Goelzer, afirmou que o projeto é histórico para a empresa.
“Esse processo de tokenização permite o registro detalhado de todo o ciclo produtivo do vinho, que é classificado com uma DO, ou seja, o consumidor vai saber como se chegou a essa conquista. Esse valor precisa ser reconhecido pelo consumidor”, afirmou.
O sócio diretor e enólogo-chefe da Pizzato Vinhas e Vinhos, Flávio Pizzato, salientou que “vinho é geografia”, ou seja, a DO é a relação entre um produto final com a sua geografia de origem. “O uso do blockchain está ligado à transparência com o processo rígido pelo qual passa um vinho recomendado para DO, e o consumidor tem interesse nisso, ele é um entusiasta, quer entender, visitar vinícola”, complementou.
A plataforma, que recebeu o nome de “Origem RS”, surgiu a partir de projeto piloto desenvolvido pelo Sebrae RS e o iCoLab, um instituto colaborativo de blockchain. Inicialmente, foram usados dados da safra de 2022, validados pela Aprovale, para abastecer a ferramenta. Carregadas essas informações na blockchain, gerou-se um NFT (token não fungível), que é um certificado digital de propriedade inviolável. Depois dessa etapa, foram impressos rótulos dos vinhos “tokenizados” com um QR Code. Ao escaneá-lo, o consumidor pode acessar os detalhes sobre cada produto, desde a documentação completa da vinícola e o registro da área produtiva, até as especificações da uva e as características do vinho, incluindo todo o histórico de produção. A partir de agora será iniciada a segunda fase do projeto, com o objetivo de expandir a rastreabilidade para outras vinícolas associadas à Aprovale e dar robustez à plataforma Origem RS.
Mercopar 2024
Maior feira de inovação industrial da América Latina, a Mercopar chega à sua 33ª edição de 15 a 18 de outubro, no Centro de Feiras e Eventos Festa da Uva, em Caxias do Sul. O evento é promovido pelo Sebrae RS em parceria com a Fiergs. Em 2023, a feira recebeu um público de 39,5 mil visitantes – somados os acessos presenciais e virtuais – durante os quatro dias de programação. Foram 625 expositores e a geração de R$ 563 milhões em negócios. Em termos de conteúdo técnico, foram 285 horas de atividades.
Mais informações: https://feira.mercopar.com.br/24
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